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10 anos do Estatuto da Cidade: Congresso avalia a efetividade da Lei Federal
A ESDM – Fundação Escola Superior de Direito Municipal, a Procuradoria-Geral do Município de Porto Alegre, a FMP – Fundação Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, a Comissão de Direito Urbanístico da OAB/RS – Ordem dos Advogados do Brasil/ Seccional RS e a APMPA – Associação dos Procuradores do Município de Porto Alegre realizaram, de 5 a 7 de outubro, o Congresso Comemorativo aos 10 anos do Estatuto da Cidade: II Congresso de Direito Urbano-Ambiental, no Centro de Eventos São José do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O Congresso teve 477 participantes oriundos de Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul, representado por 35 cidades. Transmitido ao vivo pela Internet, durante os três dias de evento, o link de acesso ao Congresso teve 750 acessos. Em breve, todas as palestras do Congresso estarão disponíveis no site da ESDM. Dez anos após a aprovação do Estatuto da Cidade, o Congresso promoveu uma avaliação da efetividade da norma contida na Lei Federal de desenvolvimento urbano, Lei n.º 10257/01, combinando painéis, com a presença de especialistas de âmbito nacional e internacional, e oficinas temáticas simultâneas para aprofundar os temas em grupos menores. Procuradores e Assessores Jurídicos de Porto Alegre apresentaram trabalhos, proferiram palestras e coordenaram os trabalhos nas Oficinas: Ana Luísa Soares de Carvalho, Andrea Teichmann Vizzotto, Bethania Regina Pederneiras Flach, Cândida Saibert, Cristiane da Costa Nery, Heron Nunes Estrella, Jusara Bratz, Marcelo Dias Ferreira, Maren Taborda, Maria Etelvina Bergamaschi Guimaraens, Rafael Ramos, Simone Somensi e Vanêsca Buzelato Prestes. Abertura A Diretora da ESDM, Vanêsca Buzelato Prestes, lembrou do I Congresso de Direito Urbanístico, realizado pela ESDM em 2002, em conjunto com a PGM e APMPA, no qual o tema foi o advento do Estatuto da Cidade; e do Congresso realizado em 2006, que tratou dos 5 anos do Estatuto da Cidade: “Agora, o tema central deste Congresso é quase uma provocação: 10 anos do Estatuto da Cidade – temos o que comemorar? Respondo que sim. Por muito tempo não tivemos o Direito envolvido com a gestão. Esta foi uma conquista do Estado Democrático de Direito”. Destacou que a quantidade de inscritos demonstra o compromisso de todos com cidades mais saudáveis, sustentáveis e inclusivas: “Os desafios são muitos, os problemas são comuns e as exigências da contemporaneidade são acentuadas. Cabe a nós fazê-las acontecer”. O Diretor da Faculdade de Direito da FMP, Anízio Pires Gavião Filho, falou da satisfação de realizar o evento, especialmente, pela importância da temática desenvolvida e qualificação dos palestrantes: “A grande discussão colocada é discutirmos o problema não só da normalização do Estatuto da Cidade, mas a questão da eficácia social. O grande desafio de todos nós é fazer com que essas normas alcancem efetividade e aqui vamos discutir exatamente isso”. O Presidente da FMP, Mauro Luís Silva de Souza, afirmou que a democracia participativa que foi inaugurada em 1988 pela Constituição se traduz efetivamente em eventos como este, que permitem a participação não só de acadêmicos, de profissionais, mas que permitem fazer com que esses conhecimentos cheguem à comunidade como um todo, “para que tenhamos uma participação comunitária na construção efetiva das políticas públicas de proteção social, onde se inclui efetivamente o arranjo ordenado das cidades e a ocupação adequada do espaço urbano como um direito público fundamental”. Destacou ainda o entusiasmo da Dra. Betânia de Moraes Alfonsin na construção e na organização do evento. Cristiane da Costa Nery, representando a OAB/RS, destacou que o tema Estatuto da Cidade volta a ser discutido de uma forma muito produtiva, com uma programação extensa, prática, bem pensada e com certeza organizada com muito carinho e responsabilidade p João Batista Linck Figueira, Procurador-Geral do Município, falou da alegria em receber os Congressistas, “alegria genuína porque advém do trabalho, do esforço sério e consciente em construir uma cidade melhor”. Destacou os progressos científicos alcançados pela PGM na área no Direito Urbanístico-Ambiental, traduzidos em inúmeros trabalhos e eventos. Afirmou que desde 1988 a comunidade nacional tem se esforçado para dar efetividade aos princípios fundamentais da Constituição na construção de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceito, assegurando-se a todos o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça: “A concretização plena da política urbana só foi possível com a edição do Estatuto da Cidade, que completa dez anos de vigência”. O Prefeito José Fortunati reconheceu as conquistas para os municípios oportunizadas pelo Estatuto da Cidade e defendeu a mobilização conjunta para continuar construindo avanços. “A Constituição de 88 e o Estatuto da Cidade fortaleceram o papel protagonista dos municípios, que assumiram o seu posicionamento na execução das políticas sociais. Depois desses anos, é fundamental discutir de que forma é possível avançar, sob o aspecto das demandas sociais que precisam ser atendidas, como a regulamentação da Emenda 29 que assegura recursos para saúde”, avaliou o Prefeito. Lançamento dos Anais Os dois volumes foram entregues ao Prefeito José Fortunati pela Diretora da ESDM, Vanêsca Buzelato Prestes. Em breve, os Anais constarão como e-book no site da Escola. Os realizadores do Congresso agradecem o Patrocinador Caixa Econômica Federal e os Apoiadores FAPERGS – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul, IBDU – Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico, SINDUSCON/RS – Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul, SECOVI/RS – Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul, AGADEMI – Associação Gaúcha de Empresas do Mercado Imobiliário, ANPM – Associação Nacional dos Procuradores Municipais, a PROCEMPA – Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre e Editora Fórum. Também prestigiaram a solenidade de abertura o Secretário de Coordenação Política e Governança Local do Município de Porto Alegre, Cezar Busato; o Diretor-Geral do DMAE, Flávio Presser; a Procuradora-Geral Adjunta do Município de Porto Alegre Simone Somensi; o Diretor Técnico da PROCEMPA, Zilmino Tartari; o Vereador Beto Moesch; o Coordenador de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Flávio Dutra; o Titular dos Registros Públicos e Tabelionato de Protestos de Títulos João Pedro Lamana Paiva; Luis Fetermann Bosaki, representando a Justiça do Trabalho e AMATRA 4; Lúcia Kopittke, representando o IARGS; a Vice-Presidente da APERGS para Assuntos Institucionais e Políticos, Fabiana Azevedo da Cunha Barth; os Diretores da APMPA Adriana Carvalho Silva Santos, Albert Abuabara, Áurea Célia Macha do de Camargo, César Emílio Sulzbach, Gamaliel Valdovino Borges Jusara Bratz e Maria Angélica Freitas da Silva; e as Diretoras da ESDM Ana Luísa Soares de Carvalho e Jusara Bratz. Conferência de Abertura Painéis Painelistas – Gestão Democrática das Cidades – Nelson Saule Júnior – Doutor em Direito pela PUCSP. Professor de Direito do curso de graduação e pós-graduação da PUCSP. Presidente do IBDU – Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico. Coordenador da Revista Magister Direito Ambiental e Urbano. – Ordem Urbanística e Cidade Sustentável – Vanêsca Buzelato Prestes – Mestre em Direito pela PUCRS. Procuradora do Município de Porto Alegre. Corregedora-Geral da Procuradoria-Geral do Município de Porto Alegre. Diretora da ESDM. – Direito ao Planejamento Urbano – João Rovati – Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Paris-8. Professor do Departamento de Urbanismo da Faculdade de Arquitetura – Outorga Onerosa do Direito de Construir e Produção da No dia 7 de outubro, na parte da manhã, foi realizado o Painel Balanço de Experiências Institucionais de Implementação do Estatuto da Cidade, coordenado pela Presidente da CEDUPU – Comissão Especial de Direito Urbanístico e Planejamento Urbano da OAB/RS, Elaine Adelina Pagani. Painelistas – O Direito Registral, a Nova Ordem Jurídico-Urbanística e a Lei 11.977/09 (Programa Minha Casa, Minha Vida) – João Pedro Lamana Paiva – Titular dos Registros Públicos e Tabelionato de Protesto de Títulos da Comarca de Sapucaia do Sul/RS. Registrador e tabelião de protesto. Tem experiência em Direito, com ênfase em Direito Registral – O Judiciário diante do Estatuto da Cidade – Zenildo Bodnar – Professor do Mestrado na Universidade do Vale do Itajaí. Professor da Escola Superior da Magistratura Federal no Paraná e em Santa Catarina. Juiz Federal da Vara Ambiental de Florianópolis/SC. – Regularização Fundiária e Novos Instrumentos da Lei 11.977/09 – Rosane Tierno – Advogada. Secretária Executiva do IBDU – Instituto Brasileiro d Palestra O Coordenador de Mesa foi o Procurador-Geral Adjunto do Município de Porto Alegre Marcelo Kruell Milano do Canto. Oficinas e apresentação de papers 6 de outubro Coordenadora: Angélica Celeste Mirinha – Presidente do COMATHAB – Conselho Municipal de Acesso à Terra e à Habitação de Porto Alegre. 2. Gestão Democrática e Direito ao Planejamento Urbano Coordenador: Jayme Weingartner Neto – Doutor pela PUCRS 3. Regularização Fundiária e Políticas Habitacionais Coordenadora: Jusara Bratz – Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFRGS. Assessora para Assuntos Jurídicos do Município de Porto Alegre. Chefe do Serviço Jurídico do DMLU 4. Política Urbana, Mudanças Climáticas e Código Florestal Coordenador: Heron Nunes Estrella – Especialista em Direito Municipal. Procurador do Município de Porto Alegre. 5. Plano Diretor e Instrumentos de Política Urbana Coordenadora: Josiane Superti Brasil Camejo – Coordenadora do Caourb – Centro de Apoio Operacional da Ordem Urbanística e Questão Fundiárias do Ministério Público RS. 7 de outubro Coordenadora: Ana Luísa Soares de Carvalho – Mestre em Planejamento Urbano. Procuradora do Município de Porto Alegre. Supervisora Acadêmica da ESDM. 2. O Judiciário Diante da Nova Ordem Jurídico-Urbanística Coordenadora: Simone Somensi – Especialista em Direito Municipal. Procuradora do Município de Porto Alegre. Procuradora-Geral Adjunta do Município de Porto Alegre. 3. A Gestão Urbano-Ambiental na Nova Ordem Jurídico-Urbanística Coordenadora: Bethania Regina Pederneiras Flach – Especialista em Direito Municipal. Procuradora do Município de Porto Alegre. 4. Planejamento Urbano e Projetos de Revitalização Coordenadora: Cristiane da Costa Nery – Especialista em Direito Municipal pela UFRGS. Procuradora do Município de Porto Alegre. Procuradora-Geral Adjunta do Município de Porto Alegre. Vice-Presidente da ANPM. Conselheira da OAB/RS. Pôsteres Conferência de Encerramento Compuseram a mesa de encerramento a Diretora da ESDM, Vanêsca Buzelato Prestes, e o Presidente em exercício da APMPA, Eduardo Gomes Tedesco. O Ministro Antônio Herman Benjamin, ao referir a atuação do STJ – Superior Tribunal de Justiça em matéria urbano-ambiental, destacou, em primeiro lugar, que o próprio fato de termos hoje no STJ uma grande quantidade de decisões no campo do Direito Ambiental e do Direito Urbanístico é uma novidade em si mesma. Em segundo lugar, referiu que são decisões que tiveram como relatores os mais diversos Ministros, tanto na Primeira Turma como na Segunda Turma. E, em terceiro lugar, afirmou que essa enxurrada de decisões judiciais vem já de uma década, “o que demonstra uma trajetória contínua do STJ desde a sua criação no sentido de dar consistência real aos mandamentos constitucionais e legais que asseguram a proteção do meio ambiente e o direito à cidade”. Acerca dos desafios mais relevantes nesta matéria, afirmou que são muitos, destacando como o mais fundamental o da implementação: “Hoje o Brasil tem, certamente, as melhores leis ambientais e urbanísticas da América Latina e também está entre os melhores do mundo. No entanto, falta uma boa aplicação, tanto no campo administrativo como no terreno judicial. E, mais do que tudo, falta uma conexão direta entre essa legislação e os cidadãos, na medida em que precisam enxergar na legislação não uma restrição pura e simples ao direito de propriedade, mas uma garantia da sua qualidade de vida e das gerações futuras”. O Ministro afirmou ainda que é um otimista porque vê as transformações no Poder Judiciário brasileiro, na Administração Pública e no comportamento das pessoas, ponderando que há o risco, considerando a fragilidade do meio ambiente e os fatos consumados nas grandes cidades, de uma implementação que tarde muito e, quando chegar, já encontre a irreversibilidade. Eduardo Gomes Tedesco referiu que “é com muito orgulho que constatamos o sucesso deste evento, comprovando, pelo número de inscritos e acessos à Internet, o interesse pela matéria por parte dos agentes e operadores das políticas urbanísticas no país”. Afirmou que a APMPA, entidade mantenedora e parceira da ESDM, sente-se cada vez mais compromissada em col “O que se pode constatar pelas conferências, painéis, mesas de debates, oficinas temáticas e tantos trabalhos que foram aqui apresentados, é que a matéria se mostra, no dia a dia da Advocacia Pública, um tema muito recorrente, especialmente para a nossa PGM, que vem, ao longo dos anos, empenhando o máximo esforço para bem implementar na Capital as melhores políticas fundiárias, norteadas pelos modernos princípios do Direito Urbanístico e Ambiental, trazidos pela Constituição Federal e por este marco legal que foi o Estatuto da Cidade”, destacou. Vanêsca Buzelato Prestes agradeceu a presença do Ministro, destacando que o encerramento de sua palestra “foi a síntese do que trabalhamos durante todos esses dias porque a aproximação das agendas urbano-ambientais concretiza a questão do Direito à Cidade. Trabalharmos com os mesmos problemas, mas com um outro olhar, sem a fragmentação demonstrada anteriormente, é o desafio que se apresenta e esse encerramento dá conta disso”. Ao afirmar que não se faz um evento deste porte sem a participação e o comprometimento de pessoas, agradeceu todos que trabalharam para isso, palestrantes, coordenadores, produtores de trabalhos, apresentadores de papers e pôsters, alunos, colegas da PGM, “que participaram ativamente, apresentando trabalhos, presidindo oficinas, demonstrando o que é esta Advocacia Pública na qual acreditamos”. Agradeceu também a Comissão Executiva do Congresso, “que tão bem recebeu nossos participantes e atuou com todo o esforço e carinho para o sucesso do evento”. João Batista Linck Figueira, em nome do Município de Porto Alegre, agradeceu todos os Congressistas que vieram de todos os cantos do país “fazendo deste evento um sucesso científico e político porque foram capazes de confrontar visões diferentes sobre a efetividade do Estatuto da Cidade e sobre os problemas práticos daí decorrentes”. “Espero que cada um de nós volte para casa mais crítico, com mais dúvidas, com mais disposição para contribuir para a transformação de sua cidade num lugar mais digno para se viver”, concluiu.
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Fonte: Adriana Vargas/ Assessora de Comunicação
Fotos: Kiko Coelho/ Kad
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