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Novembro Azul 2014

O NOVEMBRO AZUL é um movimento que procura desmistificar a doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), atinge um em cada seis homens no Brasil. Somente em 2014, as estimativas são de que 69 mil novos casos devem ser diagnosticados no país (um a cada 7 minutos) e, o que é pior, cerca de 13 mil brasileiros vão morrer em decorrência da doença, o que significa um óbito a cada 40 minutos.
No Brasil, a característica é de que, depois do aparecimento dos sintomas, mais de 95% dos casos de câncer de próstata já se encontram em fase avançada. Daí a importância da realização do exame regular através do toque retal e do PSA. O câncer de próstata rouba do homem mais de 7 anos de vida na comparação com as mulheres e isso ocorre porque eles não se cuidam.
Pessoas do sexo masculino não costumam ir ao médico porque acham que são super-homens, e o câncer de próstata, quando não é detectado no início, raramente tem cura. Os urologistas recomendam que, a partir de 50 anos, todo homem deve fazer o exame periódico. Se houver histórico familiar e se a pessoa for negra ou obesa, a recomendação é procurar um urologista a partir dos 45 anos.
O câncer de próstata é assintomático na fase inicial. O exame de toque retal e o PSA (feito por exame de sangue), detectam a maior parte dos tumores em fase inicial, e, nesses casos, as chances de cura são de 90%.
Para o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e urologista do Instituto Biocor, Daniel Xavier Lima, a boa notícia é que muitos tabus já caíram no que se refere à disposição dos homens de enfrentarem seus medos e preconceitos quanto ao exame de toque, essencial para o diagnóstico da doença. “O que existe, ainda, são informações desencontradas”, garante. De acordo com ele, um estudo norte-americano sustentou que não houve redução da mortalidade por câncer de próstata em função do rastreamento. “Trata-se de um estudo isolado que, infelizmente, teve muita repercussão porque muitos médicos generalistas interpretaram que não seria mais preciso fazer os exames”, explica. Por causa disso, o próprio Ministério da Saúde retirou o exame de próstata da rotina obrigatória. Assim, a dificuldade de conscientizar as pessoas aumentou, principalmente na rede pública, onde o paciente é, em geral, menos esclarecido (ou recebe menos esclarecimentos).
“Leciono no Hospital das Clínicas e observo que os pacientes já não estão sendo encaminhados para o rastreamento. Isso vai levar, daqui a alguns anos, a um aumento no número de tumores avançados”, garante Lima. De acordo com ele, o rastreamento é responsável por 40% da redução das mortes por câncer de próstata de 1990 para cá. “Esse procedimento ficou mais popularizado a partir de meados da década de 90, com a realização do PSA e do toque. Nada pode justificar essa redução na procura a não ser a sua diminuição, até porque o número de diagnósticos aumentou”, alerta.
Bruno Ferrari, oncologista e presidente do conselho administrativo da rede Oncoclínicas do Brasil, chama atenção para outro problema: o câncer de próstata não acomete apenas os idosos, mas é a partir dos 50 anos que sua frequência começa a aumentar. Depois da cirurgia, as duas maiores sequelas, segundo ele, são a incontinência urinária e a disfunção erétil. Ambas têm tratamento e podem ser revertidas. “São essas duas coisas que afastam o homem do diagnóstico. Mas é preciso lembrar que, quanto mais precoce é o tratamento, menos mutilante ele é.” A campanha Novembro Azul é realizada há cinco anos e, de lá para cá, de acordo com o oncologista, houve um pequeno aumento no número de diagnósticos precoces. “Precisamos envolver toda a sociedade, e não apenas os médicos. A gente vê poucos casos sobre a doença na mídia. As celebridades não aparecem morrendo de câncer de próstata”, lembra.
Fisioterapia
Para ajudar os pacientes na recuperação durante o pós-operatório, uma das recomendações é a fisioterapia para disfunções do assoalho pélvico. De acordo com a fisioterapeuta Maria Cristina da Cruz, responsável pelo serviço no Hospital ds Clínicas, o tratamento consiste em educar o paciente sobre a forma como o corpo vai funcionar depois da cirurgia e sobre qual será o seu papel em sua própria recuperação.
Ela chama a atenção para o fato de que o tratamento difere de pessoa para pessoa. “Não adianta fazer exercícios genéricos. Para haver resultado, as contrações devem ser adequadas e os exercícios, específicos para cada caso”, lembra. De acordo com ela, além de tomar consciência da própria musculatura e de fazer os exercícios, alguns homens precisam passar pela eletroestimulação e biofeedback, que permite ao paciente visualizar a qualidade das contrações.
Não adianta fugir
» Entre 10% e 20% dos casos não são detectados pela dosagem de PSA no sangue. O exame de toque e o PSA são complementares.
» Fatores de risco: idade, histórico familiar, raça (maior incidência em negros), alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade
» Prevenção: não é possível evitar a doença. Mas pode-se diagnosticá-la precocemente, quando as chances de cura são de cerca de 90%.
Fonte: Instituto Lado a Lado pela Vida – http://www.ladoaladopelavida.org.br/
Em 10.11.2014

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